quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Velhice?!

"...por vezes eu me dava conta, com angústia, de que o nosso caso estava fadado a terminar, e em breve(referindo-se a Nelson Algren). Quarenta anos. Quarenta e um. Minha velhice germinava. Espreitava-me no fundo do espelho. O que me deixava estupefata era que viesse a mim num passo tão decidido., enquanto nada em mim estava de acordo com ela."
(...)
"desejo cada vez mais escrever sobre a velhice. Inveja dessa juventude tão mais avançada que nós, em parte graças a nós mesmos. Como éramos mal-nutridos, então! Como era rudimentar tudo que nos explicavam em filosofia, em economia, etc. Impressão (muito injusta) de tempo perdido pela humanidade às minhas custas. E é duro guardar com relação à nossa vida e ao nosso trabalho uma dimensão de futuro, quando nos sentimos já enterrados por todos aqueles que virão depois."

(A Força das Coisas, Ed. Nova Fronteira, 1995)

sábado, 25 de outubro de 2008

Centenária?

Ela nasceu em 1908.
Taí algo que não combina com a idéia geral "Simone de Beauvoir". Ela não se agradaria da comemoração do seu centenário. Era muito avant -garde para tais vetustices.
Aos 53 anos, via-se velha. Depois a coisa mudou um pouco. Mas os temas velhice e morte marcaram seu pensamento. Em "Balanço Final" (Tout Compte Fait, Éditions Gallimard, 1972), comentando livro de Albert Cohen, "Belle du Seigneur", ela escreve:

"Cohen é obcecado pela idéia de que cada indivíduo é um morto em sursis. E, indubitavelmente, ninguém escapa à sepultura. Mas quando se sabe captar a plenitude do momento - no júbilo, na ação ou na revolta -, a morte recua; o futuro cadáver afirma-se no presente com um ser vivo."
(Balanço Final, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990, p. 175)

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Feminismo, filosofia, literatura e outras reflexões


Simone de Beauvoir ficaria encantada com as possibilidades de ação, criação, comunicação, edição oferecidas no mundo pós-moderno. Pensando nela, lendo sua obra, estendo-lhe a mão e a convido para um novo passeio ao Brasil, desta vez, no século XXI, sem deixar de estar, ao mesmo tempo, em contato com o mundo. Conhecer, ler, passear, se informar, pesquisar, eis tudo o que ela mais adorava.

Este blog destina-se à reflexão sobre os temas que mobilizaram o pensamento de Beauvoir, temas da mais pertinente atualidade. Um espaço de reflexão feminista, de divulgação do pensamento feminino contemporâneo, de publicação da escrita das mulheres, mesmo que não reconhecida oficialmente como literatura. Um ponto de encontro com Simone, eis a proposta. Como se estivéssemos no Flore ou em qualquer quiosque do Brasil que Simone conheceu e tão bem descreveu em La Force des Choses.